PARTE III- Diário de uma sogra anunciada

O último dia se sua excelência cá por casa foi mais pacífico, mas mesmo assim não deixou de ser uma aventura.

De manhã.
Eu tinha de me levantar cedo! tinha mesmo! tinha de enviar uns mails logo às 8h... Lei de Murphy in action... adormeci! acordei eram 10.30... Saltei da cama, liguei o computador e toca de escrever os mails. Eram 11h, estava eu a enviar o último mail, sua excelência acordou, entrou na sala e
-"bom dia"
eu como estava danada respondi
-"Bom dia... mais ou menos... adormeci!"
- "Olha, olha! grande coisa! eu também adormeci!"
- "SIM! pois foi! Mas EU Trabalho!

Ai fiquei tão furiosa, ainda por cima eu de manhã sou tão antipática que nem eu posso comigo. ah! O A. acordou às 11.20... comentário dela: "O meu menino não pode dormir até tão tarde... em casa da avó vai levantar-se sempre cedo para tomar o PA com a avó"... a sorte dela é que o miudo é como eu... só acorda mesmo depois de estar levantado há 2h.

Hora de almoço.
Resolvi fazer as alheiras que tinha no frigorífico, menos trabalho... resolvi deixar o frango para a noite, era preciso ser desfiado para a tarte e eu não estava com muita paciência. Informei as hostes e fui tomar um duche e vestir qq coisa para por as mãos na massa.
Pois é... saí do banho e tcham tcham! a merda do frango estava desfiado e cortado aos bocados (excuse me my french)

- "Ah, cortei o frango em bocados grandes para a menina o fritar e comemos com arroz"
- "Vou já fazer a tarte e comemos as alheiras à noite"

Não há cu que aguento! porra!

À mesa.
Tarte para todos e o sacrifício do costume para o A. comer

A. - "O que é isto mãe?"
Eu - " Ervilhas filho, é bom come fofinho."
Sua excelência - "Bolinhas verdes, se não quer põe de lado."
Eu - " Não, vais comer filhote, são ervilhas."
Sua excelência - ***Trombas***

A. - "Oh mãe eu tenho de engordar quantos quilos?"
Eu - "3! 3 quilos até Outubro, não é muito, tens é de papar tudo."
Sua excelência - "Sabes meu querido... no metro em Lisboa...."
A. - "O que é o metro?"
Sua excelência - "É um comboio que anda lá em baixo la em baixo, no escuro, é muito escuro e perigoso"
Eu - "É como se fosse um comboio mas anda debaixo de terra, vais por umas escadas rolantes tipo supermercado e apanhas o comboio numa estação... mas tem luzes filho, consegues ver."
Sua excelência - ***Trombas*** "E depois há assim uma passadeira rolante que é uma balança, toda a gente passa na balança. Se pesares muito podes ir para casa, se pesares pouco toca o alarme, vem de lá o polícia e prende-te, depois leva-te para o hospital onde és internado e levas muitas picas..."
Eu - ***Olha nem soube que lhe dizer, fiquei em estado de choque*** "Come filhote"
A. - "Também não faz mal, eu gosto de hospitais, eles curam o dói- dói, os doutores dão picas e os dói- dóis passam por isso olha, não me importa. E, oh vó, os polícias não são maus, quando tiver perdido vou ter com o policia, né mãe?"
Eu - "É filho, é." ***Toma!***

À tarde.
Caí! ya, escorreguei na merda do fio de telefone e tcham tcham! chão!fiz uma nódoa negra do caraças porque caí em cima de um brinquedo do A.
Ralhei com ele, que não podia ser, tinha de arrumar os brinquedos, mas bem vistas as coisas foi a porra do fio de telefone que me fez cair. Fiquei com uma nódoa negra do caraças, enorme. mostrei-lha passadas umas horas e ele deu-me beijinhos na perna, e depois fez festinhas e pediu desculpa (babei-me toda)

Sua excelência - "Eu também bati no outro dia com a cabeça e fiz aqui um galo..."
Eu - ***Prepelexa, não é normal!***
A. - "Já foi há muito tempo vó, já não doi o da mãe é que sim"
Eu - ***Toma!*** "Oh filhote... que lindo, vai lá dar uma beijoca à avó."

Às vezes dizemos coisas do caraças! Mas eu sou tão cínica e sei ser tão cabra que sua excelência ficou na dúvida se eu estaria a ser simpática ou cínica. ahahahaha é tão fixe.

À noite.
O telefone tocou. Era um amigo do V., vinham à feira medieval e convidaram-nos para fazer de cicerones. Como sua excelência estava em casa aproveitámos logo a dica para ir dar "uma volta". Achei que era uma boa ideia, sair com o V. sozinha sem os miúdos, aceiti a dica e lá fomos.
Foi porreiro. Bebemos licor de arroz (horroroso, brrrrr), limonada, sangria, chá de menta, fumámos chicha (nã sei se é assim que se escreve) mas fumamos, na tenda de marrocos, o V. ofereceu-me uma bolsinha encantadora, vimos os espetáculos todos e resolvemos ir embora. Já era meia noite e meia e hoje era dia de trabalho.

Ainda mais à noite.
Estávamos a ir embora e apeteceu-me uma cerveja, parámos num barzito a caminho do carro. encontramos lá a trupe toda: os meus irmãos, a minha cunhada, um monte de malta amiga... acabámos por ficar até às 2.20. Chegámos a casa eram 2.35... fomos duirectos à sala para não fazer barulho, desligar os computadores e ir deitar. Estavamos em casa há 2 min e sua excelência entra:

Sua excelência - "Já ia telefonar-vos!!!...."
V. - ***Prepelexo*** "Ainda tás acordada? Ias telefonar para quê?"
Sua excelência - "Já sabes como é que eu sou... ia dizer-vos "oh meninos, são 2.30 faz favor de vir para casa que eu quero dormir", 2.30 é o meu limite"
V. - "Mas... eles acordaram? tavam a chatear? tás acordada porquê?"
Sua excelência - "Não me conheces mesmo! Até amanhã, para a próxima...."
V. - "Não dormiste porque não quiseste!"
Sua excelência - ***Trombas***

Como veem foi um dia em cheio... não sei se o problema dela é ciúmes ou se quer estupidificar o miúdo, ou se pura e simplesmente precisa de um "wake up call"